Apostila

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PEQUENA OFICINA DE ESCRITA E FALA (Tarefa Escrita Nº 1)

ATIVIDADE 1 (ESCRITA: E-MAIL)


Assista ao seguinte vídeo.



Pense por uns instantes como estão sendo seus dias. Rotineiros também?
Depois de ter pensado e refletido você está desejando quebrar com essa sua rotina e decide convidar alguém para uma escapada de uns dias a São Paulo. Leia o seguinte guia, junte ideias, elabore um roteiro e convide por e-mail àquela pessoa com quem deseja viajar.


Tenham um ótimo passeio!!

PEQUENA OFICINA DE ESCRITA E FALA (Tarefa Escrita 2)


ATIVIDADE 2 (ESCRITA: TEXTO INFORMATIVO)

Agosto: Mês do desgosto! Por quê?
Agosto, do latim Augustus, é o oitavo mês do calendário gregoriano. É assim chamado por decreto em honra do imperador César Augusto. Este não queria ficar atrás de Júlio César, em honra de quem foi batizado o mês de julho, e, portanto, quis que o “seu” mês também tivesse 31 dias. Antes dessa mudança, agosto era denominado Sextilisou Sextil, visto que era o sexto mês no calendário de Rômulo (calendário romano).
Os romanos já consideravam o mês de Agosto azarento. Eles acreditavam que existia um dragão imenso e terrível, que andava pelo céu cuspindo fogo durante esse mês. Mais tarde descobriram que o tal “Dragão” era a constelação de Leão, visível nos céus do hemisfério norte naquele período do ano. 
Em Portugal o medo do mês de Agosto surgiu no período das grandes navegações, que duravam muitos meses e até anos. As mulheres portuguesas não casavam nunca no oitavo mês, porque era nessa época (verão na Europa), que os navios das expedições partiam em busca de novos mercados e novas terras. Daí, casar em Agosto significava ficar sozinha. Algumas até ficavam viúvas. 
Já aqui no Brasil, com a influência dos portugueses, essa crença chegou e se espalhou. Daí o dito popular “Casar em Agosto traz desgosto”.  E tem também aquela onda de que os cachorros contraem a Raiva nesse mês. Daí o nome de “mês do cachorro louco“.
 No dia 24 de agosto de 1954, na cidade do Rio de Janeiro, o então presidente da República Getúlio Vargas, suicidou-se, renunciando assim, não somente à presidência da República como também à vida.
Em 25 de agosto de 1961, “forças estranhas” fizeram com que o presidente Jânio Quadros renunciasse à presidência.
Juscelino Kubitscheck, vítima de um desastre automobilístico faleceu no dia 22 de agosto de 1976.
Na Argentina muitos deixam de lavar a cabeça em Agosto porque acreditam que isso chama a morte.
 Na França, em 24 de Agosto de 1572,  Catarina de Médici ordenou o massacre de São Bartolomeu, um episódio sangrento na repressão aos protestantes na França pelos reis franceses, católicos, vitimando entre 30.000 e 100.000 protestantes franceses. 
Também foi em agosto no ano de 1932 que Hitler assumiu o governo alemão. No Japão, nos dias 6 e 9 de Agosto de 1945, as cidades de Hiroshima e Nagasaki foram destruídas por bombas atômicas.  A Primeira Guerra Mundial teve início em agosto de 1914,  e a Segunda em agosto de 1939.
Em 16 de agosto de 1977, o Rei do Rock, Elvis  debilitado devido a uma série de fatores físicos e emocionais morre aos 42 anos, deixando inconformados a uma legião de fãs. Além de Elvis, várias outras personalidades faleceram nesse mês, como: Princesa Daina, Marilyn Monroe, Carmem Miranda, Carlos Drummond de Andrade, Euclides da Cunha, Jorge Amado, Raul Seixas, Deodoro da Fonseca, Hebert de Souza (o Betinho) e tantos outros.
São tantas as coincidências que pairam sobre o mês de agosto, que a gente fica até com o pé atrás, não é mesmo. Porém, isso nada mais é do que cultura popular e devemos valorizá-la, pois faz parte do que os historiadores chamam de imaginário popular.


22 de Agosto - Dia do Folclore
Folclore significa sabedoria popular. A palavra folclore vem da expressão inglesa folk-lore, que significa "saber do povo". O escritor e colecionador de antiguidades, William John Thoms, criou essa denominação, no século XIX, para identificar e interpretar os costumes e saberes do povo.
As manifestações folclóricas são, na verdade, a forma de pensar, de agir e de sentir de um determinado povo. Essas formas de manifestação cultural são geralmente transmitidas oralmente e através do ato de representar. Com toda sua simplicidade, o folclore apresenta características de todas as regiões de uma Nação. O folclore, como cultura popular, torna-se de fundamental importância, pois somos formados por meio de expressões culturais, costumes e tradições.
Através das diversas manifestações culturais do folclore, pode-se conhecer a cultura e a tradição de povos antigos e compreender a ressignificação dessa cultura antiga, presente nos dias de hoje. As crenças, mitos, lendas, festas, superstições e artes são a essência de um povo. Na história da humanidade, as pessoas, em todas as culturas, buscaram e buscam explicações sobrenaturais para as coisas que não entendem.
Assim, os mitos, as crenças e as lendas se fazem presentes no nosso cotidiano, mesmo que inconscientemente, na medicina popular, na religião, nos ditados populares, nas simpatias e nas estórias que sempre apresentam um cunho moral no final. Essas manifestações são de autoria desconhecida e passadas através dos tempos, ou seja, de geração em geração. O saber de um povo não é encontrado nos ambientes escolares, pois esse conhecimento pode ser produzido por qualquer pessoa.
Por Lilian Aguiar
Graduada em História


Após ambas as leituras, assista mais um link 



e reunida toda a informação escreva um Texto Informativo para ser apresentado na Universidade à respeito da Cultura Brasileira e o seu folclore. Ajude-se também com a culinária, as músicas, as danças, etc. Tudo aquilo que faça parte do folclore do povo.

PEQUENA OFICINA DE ESCRITA E FALA (Tarefa Oral)

Neste nível você leu várias crônicas. Conte para a turma qual sua crônica escolhida, o tema que trata, o que acontece e por que você a escolheu.

Portfolio Escrito y Oral Nº1

PEQUENA OFICINA DE ESCRITA E FALA – NÍVEL 1

·         ATIVIDADE 1 (ESCRITA: E-MAIL)

Assista ao seguinte vídeo. https://www.youtube.com/watch?v=oKrKSRs_9zI
Pense por uns instantes como estão sendo seus dias. Rotineiros também?
Depois de ter pensado e refletido, você está desejando quebrar com essa sua rotina e decide convidar alguém para uma escapada de uns dias a São Paulo. Leia o seguinte guia, junte ideias, elabore um roteiro e convide por e-mail àquela pessoa com quem deseja viajar.

·         ATIVIDADE 2 (ESCRITA: TEXTO INFORMATIVO)


Agosto: Mês do desgosto! Por quê?
Agosto, do latim Augustus, é o oitavo mês do calendário gregoriano. É assim chamado por decreto em honra do imperador César Augusto. Este não queria ficar atrás de Júlio César, em honra de quem foi batizado o mês de julho, e, portanto, quis que o “seu” mês também tivesse 31 dias. Antes dessa mudança, agosto era denominado Sextilis ou Sextil, visto que era o sexto mês no calendário de Rômulo (calendário romano).
Os romanos já consideravam o mês de Agosto azarento. Eles acreditavam que existia um dragão imenso e terrível, que andava pelo céu cuspindo fogo durante esse mês. Mais tarde descobriram que o tal “Dragão” era a constelação de Leão, visível nos céus do hemisfério norte naquele período do ano. 
Em Portugal o medo do mês de Agosto surgiu no período das grandes navegações, que duravam muitos meses e até anos. As mulheres portuguesas não casavam nunca no oitavo mês, porque era nessa época (verão na Europa), que os navios das expedições partiam em busca de novos mercados e novas terras. Daí, casar em Agosto significava ficar sozinha. Algumas até ficavam viúvas. 
Já aqui no Brasil, com a influência dos portugueses, essa crença chegou e se espalhou. Daí o dito popular “Casar em Agosto traz desgosto”.  E tem também aquela onda de que os cachorros contraem a Raiva nesse mês. Daí o nome de “mês do cachorro louco“.
            No dia 24 de agosto de 1954, na cidade do Rio de Janeiro, o então presidente da República Getúlio Vargas, suicidou-se, renunciando assim, não somente à presidência da República como também à vida.
Em 25 de agosto de 1961, “forças estranhas” fizeram com que o presidente Jânio Quadros renunciasse à presidência.
Juscelino Kubitscheck, vítima de um desastre automobilístico faleceu no dia 22 de agosto de 1976.
Na Argentina muitos deixam de lavar a cabeça em Agosto porque acreditam que isso chama a morte.
Na França, em 24 de Agosto de 1572,  Catarina de Médici ordenou o massacre de São Bartolomeu, um episódio sangrento na repressão aos protestantes na França pelos reis franceses, católicos, vitimando entre 30.000 e 100.000 protestantes franceses.
Também foi em agosto no ano de 1932 que Hitler assumiu o governo alemão. No Japão, nos dias 6 e 9 de Agosto de 1945, as cidades de Hiroshima e Nagasaki foram destruídas por bombas atômicas.  A Primeira Guerra Mundial teve início em agosto de 1914,  e a Segunda em agosto de 1939.
Em 16 de agosto de 1977, o Rei do Rock, Elvis,  debilitado devido a uma série de fatores físicos e emocionais morre aos 42 anos, deixando inconformados a uma legião de fãs. Além de Elvis, várias outras personalidades faleceram nesse mês, como: Princesa Daina, Marilyn Monroe, Carmem Miranda, Carlos Drummond de Andrade, Euclides da Cunha, Jorge Amado, Raul Seixas, Deodoro da Fonseca, Hebert de Souza (o Betinho) e tantos outros.
São tantas as coincidências que pairam sobre o mês de agosto, que a gente fica até com o pé atrás, não é mesmo? Porém, isso nada mais é do que cultura popular e devemos valorizá-la, pois faz parte do que os historiadores chamam de imaginário popular.

22 de Agosto – Dia do Folclore
Folclore significa sabedoria popular. A palavra folclore vem da expressão inglesa folk-lore, que significa “saber do povo”. O escritor e colecionador de antiguidades, William John Thoms, criou essa denominação, no século XIX, para identificar e interpretar os costumes e saberes do povo.
As manifestações folclóricas são, na verdade, a forma de pensar, de agir e de sentir de um determinado povo. Essas formas de manifestação cultural são geralmente transmitidas oralmente e através do ato de representar. Com toda sua simplicidade, o folclore apresenta características de todas as regiões de uma nação. O folclore, como cultura popular, torna-se de fundamental importância, pois somos formados por meio de expressões culturais, costumes e tradições.
Através das diversas manifestações culturais do folclore, pode-se conhecer a cultura e a tradição de povos antigos e compreender a ressignificação dessa cultura antiga, presente nos dias de hoje. As crenças, mitos, lendas, festas, superstições e artes são a essência de um povo. Na história da humanidade, as pessoas, em todas as culturas, buscaram e buscam explicações sobrenaturais para as coisas que não entendem.
Assim, os mitos, as crenças e as lendas se fazem presentes no nosso cotidiano, mesmo que inconscientemente, na medicina popular, na religião, nos ditados populares, nas simpatias e nas estórias que sempre apresentam um cunho moral no final. Essas manifestações são de autoria desconhecida e passadas através dos tempos, ou seja, de geração em geração. O saber de um povo não é encontrado nos ambientes escolares, pois esse conhecimento pode ser produzido por qualquer pessoa.
Por Lilian Aguiar
Graduada em História

Após fazer ambas as leituras, assista mais um link... https://www.youtube.com/watch?v=eCLPV-uc5sw&feature=youtu.be
 E, reunida toda a informação, escreva um Texto Informativo para ser apresentado na Universidade a respeito da Cultura Brasileira e o seu folclore. Ajude-se também com a culinária, as músicas, as danças, etc. Tudo aquilo que faça parte do folclore do povo.

·         ATIVIDADE 3 (ORAL)

Leia as três crônicas e, logo depois, conte para a turma qual a sua crônica preferida, o que acontece nela e por que você a escolheu:
1-      O que faz bem pra saúde? – Luís Fernando Veríssimo. 
Cada semana, uma novidade.
A última foi que pizza previne câncer do esôfago. Acho a maior graça.
Tomate previne isso, cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é nocivo, tome água em abundância, mas peraí, não exagere...
Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos.
Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal pra minha saúde.
Prazer faz muito bem.
Dormir me deixa 0 km.
Ler um bom livro faz eu me sentir novo em folha.
Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas depois eu rejuvenesço uns cinco anos.
Viagens aéreas não me incham as pernas, me incham o cérebro; volto cheio de ideias.
Brigar me provoca arritmia cardíaca.
Ver pessoas tendo acessos de estupidez me embrulha o estômago.
Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro me faz perder toda a fé no ser humano.
E telejornais... os médicos deveriam proibir – como doem!
Essa história de que sexo faz bem pra pele acho que é conversa, mas mal, tenho certeza de que não faz, então, pode-se abusar.
Caminhar faz bem, dançar faz bem, ficar em silêncio quando uma discussão está pegando fogo faz muito bem: você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada.
Acordar de manhã, arrependido, do que disse, ou do que fez, ontem à noite é prejudicial à saúde. E passar o resto do dia sem coragem para pedir desculpas, pior ainda.
           Não pedir perdão pelas nossas mancadas dá câncer, não há tomate ou mozzarella que previna.
              Ir ao cinema, conseguir um lugar central nas fileiras do fundo, não ter ninguém atrapalhando sua visão, nenhum celular tocando e o filme ser espetacular, UAU!      Cinema é melhor pra saúde do que pipoca.
Beijar é melhor do que fumar.
Exercício é melhor do que cirurgia.
Humor é melhor do que rancor.
Amigos são melhores do que gente influente.
Pergunta é melhor do que dúvida.
Tomo pouca água, bebo mais que um cálice de vinho por dia, faz dois meses que não piso na academia, mas tenho dormido bem, trabalhado bastante, encontrado meus amigos, ido ao cinema e confiado que tudo isso pode me levar a uma idade avançada.
Sonhar é melhor do que nada.

2-      Assalto – Carlos Drummond de Andrade                  

Na feira, a gorda senhora protestou a altos brados contra o preço do chuchu:
– Isto é um assalto!
Houve um rebuliço. Os que estavam perto fugiram. Alguém, correndo, foi chamar o guarda.
Um minuto depois, a rua inteira, atravancada, mas provida de admirável serviço de comunicação espontânea, sabia que se estava perpetrando um assalto ao banco. Mas que banco? Havia banco naquela rua? Evidente que sim, pois do contrário como poderia ser assaltado?
– Um assalto! Um assalto! – a senhora continuava a exclamar, e quem não tinha escutado escutou, multiplicando a notícia. Aquela voz, subindo do mar de barracas e legumes, era como a própria sirena policial, documentando, por seu uivo, a ocorrência grave, que fatalmente se estaria consumando ali, na claridade do dia, sem que ninguém pudesse evitá-la.
Moleques de carrinho corriam em todas as direções, atropelando-se uns aos outros. Queriam salvar as mercadorias que transportavam. Não era o instinto de propriedade que os impelia. Sentiam-se responsáveis pelo transporte. E no atropelo da fuga, pacotes rasgavam-se, melancias rolavam, tomates esborrachavam-se no asfalto. Se a fruta cai no chão, já não é de ninguém; é de qualquer um, inclusive do transportador. Em ocasiões de assalto, quem é que vai reclamar da penca de bananas meio amassadas?
– Olha o assalto! Tem um assalto ali adiante!
O ônibus na rua transversal parou para assuntar. Passageiros ergueram-se, puseram o nariz para fora. Não se via nada. O motorista desceu, desceu o trocador, um passageiro advertiu:
– No que você vai a fim de ver o assalto, eles assaltam sua caixa.
Ele nem escutou. Então os passageiros também acharam de bom alvitre abandonar o veículo, na ânsia de saber, que vem movendo o homem, desde a idade da pedra até a idade do módulo lunar.
Outros ônibus pararam, a rua entupiu.
Melhor. Todas as ruas estão bloqueadas. Assim eles não podem dar no pé.
– É uma mulher que chefia o bando.
– Já sei. A tal dondoca loura.
– A loura assalta em São Paulo. Aqui é a morena.
– Uma gorda. Está de metralhadora. Eu vi.
– Minha Nossa Senhora, o mundo está virado!
– Vai ver que está caçando é marido.
– Não brinca numa hora dessas. Olha aí sangue escorrendo!
– Sangue nada, tomate.
Na confusão, circularam notícias diversas. O assalto fora a uma joalheria, as vitrinas tinham sido esmigalhadas a bala. E havia joias pelo chão, braceletes, relógios. O que os bandidos não levaram, na pressa, era agora objeto de saque popular. Morreram no mínimo duas pessoas, e três estavam gravemente feridas.
Barracas derrubadas assinalavam o ímpeto da convulsão coletiva. Era preciso abrir caminho a todo custo. No rumo do assalto, para ver, e no rumo contrário, para escapar. Os grupos divergentes chocavam-se, e às vezes trocavam de direção: quem fugia dava marcha à ré, quem queria espiar era arrastado pela massa oposta. Os edifícios de apartamentos tinham fechado suas portas, logo que o primeiro foi invadido por pessoas que pretendiam, ao mesmo tempo, salvar o pelo e contemplar lá de cima. Janelas e balcões apinhados de moradores, que gritavam:
– Pega! Pega! Correu pra lá!
– Olha ela ali!
– Eles entraram na Kombi ali adiante!
– É um mascarado! Não, são dois mascarados!
Ouviu-se nitidamente o pipocar de uma metralhadora, a pequena distância. Foi um deitar-no-chão geral, e como não havia espaço, uns caíam por cima de outros. Cessou o ruído. Voltou. Que assalto era esse, dilatado no tempo, repetido, confuso?
– Olha o diabo daquele escurinho tocando matraca! E a gente com dor de barriga, pensando que era metralhadora!
Caíram em cima do garoto, que soverteu na multidão. A senhora gorda apareceu, muito vermelha, protestando sempre:
– É um assalto! Chuchu por aquele preço é um verdadeiro assalto!

 

3-      O Melhor Amigo – Fernando Sabino

A mãe estava na sala, costurando. O menino abriu a porta da rua, meio ressabiado, arriscou um passo para dentro e mediu cautelosamente à distância. Como a mãe não se voltasse para vê-lo, ele deu uma corridinha em direção de seu quarto.
– Meu filho? – gritou ela.
– O que é? – respondeu, com o ar mais natural que lhe foi possível.
– Que é que você está carregando aí?
Como podia ter visto alguma coisa, se nem levantara a cabeça? Sentindo-se perdido, tentou ainda ganhar tempo.
– Eu? Nada…
– Está sim. Você entrou carregando uma coisa.
Pronto: estava descoberto. Não adiantava negar – o jeito era procurar comovê-la. Veio caminhando desconsolado até a sala, mostrou à mãe o que estava carregando:
– Olha aí, mamãe: é um filhote…
Seus olhos súplices aguardavam a decisão.
– Um filhote? Onde é que você arranjou isso?
– Achei na rua. Tão bonitinho, não é, mamãe?
Sabia que não adiantava: ela já chamava o filhote de isso. Insistiu ainda:
– Deve estar com fome, olha só a carinha que ele faz.
– Trate de levar embora esse cachorro agora mesmo!
– Ah, mamãe… – já compondo uma cara de choro.
– Tem dez minutos para botar esse bicho na rua. Já disse que não quero animais aqui em casa. Tanta coisa para cuidar, Deus me livre de ainda inventar uma amolação dessas.
O menino tentou enxugar uma lágrima, não havia lágrima. Voltou para o quarto, emburrado:
A gente também não tem nenhum direito nesta casa – pensava. Um dia ainda faço um estrago louco. Meu único amigo, enxotado desta maneira!
– Que diabo também, nesta casa tudo é proibido! – gritou lá do quarto, e ficou
esperando a reação da mãe.
– Dez minutos – repetiu ela, com firmeza.
– Todo mundo tem cachorro, só eu que não tenho.
– Você não é todo mundo.
– Também, de hoje em diante eu não estudo mais, não vou mais ao colégio, não
faço mais nada.
– Veremos – limitou-se a mãe, de novo distraída com a sua costura.
– A senhora é ruim mesmo, não tem coração!
– Sua alma, sua palma.
Conhecia bem a mãe, sabia que não haveria apelo: tinha dez minutos para brincar com seu novo amigo, e depois… ao fim de dez minutos, a voz da mãe, inexorável:
– Vamos, chega! Leva esse cachorro embora.
– Ah, mamãe, deixa! – choramingou ainda: – Meu melhor amigo, não tenho mais ninguém nesta vida.
– E eu? Que bobagem é essa, você não tem sua mãe?
– Mãe e cachorro não é a mesma coisa.
– Deixa de conversa: obedece a sua mãe.
Ele saiu, e seus olhos prometiam vingança. A mãe chegou a se preocupar: meninos nessa idade, uma injustiça praticada e eles perdem a cabeça, um recalque, complexos, essa coisa.
– Pronto mamãe!
E exibia uma nota de vinte e uma de dez: havia vendido seu melhor amigo por trinta dinheiros.
– Eu devia ter pedido cinquenta, tenho certeza que ele dava murmurou pensativo.

*****